terça-feira, 26 de junho de 2012

super bacterias

As superbactérias se tornaram o assunto do momento nas revistas e telejornais brasileiros nas últimas semanas.Para ajudar a esclarecer o assunto entrevistamos o Prof. Dr. Marcos Grisotto,coordenador do Mestrado em Biologia Parasitária do Uniceuma.Agradecemos ao caro professor pelas respostas e reproduzimos a entrevista a seguir:
Professor Grisotto afinal o que são estas chamadas superbactérias?
O termo superbactérias se refere a cepas de bactérias patogênicas que sofrem uma seleção ao longo do tempo devido ao uso incorreto e indiscriminado de anti-microbianos, tornando-se  assim multirresisitentes à diversos antibióticos. A principal conseqüência dessa seleção é a propagação das mesmas em ambientes hospitalares, onde geralmente muitos pacientes já possuem outras enfermidades o que facilita sua disseminação.
Esta é uma ameaça real para a saúde das pessoas?
Sim, pois se não existem antibióticos efetivos para o combate a essas bactérias, como é o caso da Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) onde o controle da infecção fica prejudicado, promovendo em última instância a morte do indivíduo.
É possível ser contaminado em ambiente extra-hospitalar?
A possibilidade existe, porém segundo informações recentes do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, grande parte da transmissão tem sido registrada no próprio ambiente hospitalar. Isso se deve em parte a presença nestes locais de pacientes com outras enfermidades ou  mesmo de pessoas com o sistema imunológico comprometido.
A medida que a vigilância sanitária tomou em relação ao uso do álcool gel para desinfecção das mãos  é suficiente para combater o problema?
 A medida anunciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)  indicando  a lavagem constante das mãos por profissionais de saúde bem como  o uso do álcool em gel ou líquido em todas as unidades de saúde do Brasil é uma medida simples e efetiva no controle da transmissão.  Além dessa medida, o treinamento apropriado desses profissionais e a melhoria nas condições físicas  e de atendimento dessas unidades saúde, entre outros fatores, também são importantes para inibir a proliferação dessas bactérias e outros patógenos .
O senhor acredita que em algum momento ficaremos sem armas para combater as super-infecções?Como andam as pesquisas de novos antibióticos?
Esta é  uma questão em aberto, pois à medida que desenvolvemos novos medicamentos contra essas bactérias multirresistentes o uso abusivo e indiscriminado  desses antibióticos e a automedicação promovem o aparecimento de novas cepas resistentes. A resposta a esta questão depende da conscientização de consumidores, farmacêuticos e indústrias de medicamentos em relação à venda, dispensação  e consumo desses anti-microbianos.  Em relação ao desenvolvimento de novos antibióticos, a indústria farmacêutica investe milhões de dólares  anualmente no desenvolvimento de novas drogas mas nem sempre esse investimento é suficiente para acompanhar a evolução dessas superbactérias.
Conforme dados do IBGE, 36% dos hospitais brasileiros com leitos para internação não contam com uma comissão de controle de infecção hospitalar. Existe negligência na gestão dos hospitais públicos?
A situação das unidades hospitalares públicas é um problema sócio-político, que passa pela boa vontade dos governos estaduais e federal em tratar a saúde pública como questão central de governo. Alguns progressos tem sido registrados em relação a atuação do governo através do SUS mas muito ainda precisa ser feito para obtermos um bom padrão de qualidade no atendimento à pacientes.

Existe o risco de uma epidemia hospitalar de “superbactérias”?
Na minha opinião esse risco existe e o sucesso no controle de uma epidemia dependerá não somente da ação dos profissionais de saúde, mas também da adoção de medidas governamentais e da população no sentido de se investir mais recursos nos hospitais públicos e de se ter o hábito de lavar as mãos depois de freqüentar locais públicos e antes das refeições.

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